Cursos para motoqueiros

Reportagem da edição do Jornal do Commercio do último domingo (28/2) faz um alerta sobre a importância dos cursos especializados de direção para quem dirige veículos de emergência, como é o caso de ambulâncias, carros de resgate e viaturas policiais. Num intervalo de 15 dias, dois graves acidentes com viaturas da PM que socorriam pessoas doentes terminaram por matar três dos passageiros e deixar outros oito feridos. A reportagem mostra que nenhum dos 10 mil policiais e bombeiros que atuam como motoristas nas Polícias Civil e Militar e no Corpo de Bombeiros tem o curso exigido pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

A matéria fala sobre veículos de quatro rodas, mas a grande questão são as motos, que pelo menos por enquanto, estão de fora da exigência. O que preocupa a todos, já que as motos estão ferindo mais do que as armas de fogo em Pernambuco e já são consideradas o grande mal do trânsito brasileiro e, consequentemente, da saúde pública.

Apesar de as profissões sobre duas rodas, como mototáxi, motofrete e motoboy terem sido regulamentadas no ano passado pelo presidente Lula, numa atitude inconsequente na opinião de quem pensa e vive o trânsito, a exigência de curso especializado para os condutores não está definida. O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) está com essa missão. A expectativa é de que as regras sejam rígidas, mas não há uma data certa para quando o conselho definirá a próxima resolução.

Enquanto o Contran não se pronuncia, os médicos da rede de saúde pública se desesperam. E não é para menos. Se a falta de qualificação de motoristas de veículos de quatro rodas já é perigosa e resulta em mortos e feridos, como mostrou a reportagem do JC, imaginem as conseqüências de um motorista despreparado sobre uma moto? E se ele estiver com um passageiro na garupa, como no caso dos mototaxistas?

Números do Hospital da Restauração, a maior emergência de Pernambuco, fundamentam a aversão que médicos e gestores de trânsito estão desenvolvendo às motos. Em 2009, 2.951 pessoas foram atendidas na emergência do HR com ferimentos provocados por acidentes de motos. Enquanto que no mesmo período 1.547 deram entrada vítimas de armas de fogo, quase o dobro de feridos por motos. Este ano a diferença continua, dando sinal de que as motos ainda vão fazer muitas vítimas no Estado: até o dia 23 de fevereiro, foram 489 pessoas feridas em acidentes com motos contra 174 com ferimentos à bala.

ACIDENTES DE TRÂNSITO REGISTRADOS NA EMERGÊNCIA DO HR

2008
Atropelamento – 2.537
Acidente de bicicleta – 638
Acidente capotamento – 258
Acidente colisão (árvore/muro/poste) – 177
Acidente colisão (animal) – 30
Acidente colisão com outro veículo – 762
Acidente moto – 3.130
Outros acidentes de trânsito - 127

2009
Atropelamento – 2.272
Acidente de bicicleta – 491
Acidente capotamento – 280
Acidente colisão (árvore/muro/poste) – 184
Acidente colisão (animal) – 40
Acidente colisão com outro veículo – 742
Acidente moto – 2.951
Outros acidentes de trânsito - 115

2010 (até 23 de fevereiro)
Atropelamento – 310
Acidente de bicicleta – 53
Acidente capotamento – 37
Acidente colisão (árvore/muro/poste) – 29
Acidente colisão (animal) – 4
Acidente colisão com outro veículo – 92
Acidente moto – 489
Outros acidentes de trânsito - 24

ATENDIMENTO DE FERIDOS À BALA
2008 - 1.691
2009 - 1.547
2010 (até 23 fevereiro) - 174

LÍDER DE MORTOS NO TRÂNSITO 1
Estudo feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) revela que, somente em 2008, o Brasil teve 57.116 mortes no trânsito, o que representa um índice de 30,1 mortes para cada 100 mil habitantes. Esse número é muito superior ao apresentado pelos Estados Unidos (12,5) e União Europeia (7,8). Ou seja, o trânsito brasileiro mata 2,5 vezes mais que o norte-americano e 3,7 mais que o da União Europeia. Ranking do International Transport Forum revela que a Holanda possui o menor índice, com 4,1 mortes. O estudo teve como base dados da Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT, Sistema Único de Saúde (SUS) e Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

LÍDER DE MORTOS NO TRÂNSITO 2
Na parte do estudo que apresenta os dados nacionais, utilizando o índice de mortes para cada 10 mil veículos, as cinco cidades com índices acima de dez ficam nas regiões Norte e Nordeste: Macapá (14,77), Boa Vista (12,34), Porto Velho (11,69), Maceió (11,38) e Teresina (10,29). Analisando as vítimas fatais por Estado, comparada à frota, o Piauí aparece em primeiro lugar, com 78,7 óbitos para cada 10 mil veículos, seguido de Roraima (78,2) e Maranhão (53,5). Entretanto, se analisados os dados de morte por acidentes de trânsito para cada 100 mil habitantes, na média dos anos de 2005 a 2007, os Estados líderes se concentram no Sul e Sudeste: 33,1 em Santa Catarina, 30,4 no Mato Grosso do Sul e 29,8 no Paraná. Na sequência, vem o Mato Grosso e Roraima, ambos com índice de 29,6. Pernambuco tem uma taxa de 17,4 mortes para cada 100 mil habitantes.

CTTU NA BERLINDA
Um prêmio para quem achar um agente de trânsito. Na semana passada, a Rádio Jornal, dentro do programa Geraldo Freire, fez uma brincadeira no ar que satisfez a vontade de muita gente. Oferecia um brinde para quem encontrasse um agente da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) atuando no trânsito da cidade. Não valia se eles estivessem de carro ou de moto, tinha que ser em pé, de alguma forma contribuindo para a circulação dos veículos. Resultado: pouquíssimas pessoas ligaram para o programa.

DIREÇÃO À NOITE
Foi grande a repercussão sobre a nova lei que obriga as autoescolas a ensinar os futuros motoristas a dirigir também à noite - notícia publicada na coluna da semana passada. A maioria dos internautas aprovou a novidade, argumentando que sentem dificuldade para conduzir veículos à noite e que aulas noturnas seriam excelente. Alguns, entretanto, alegaram que é mais uma forma de as autoescolas ganharem dinheiro e que as pessoas precisam aprender é a dirigir de dia, quando existem mais veículos nas ruas.


Fonte: JC Online

0 comentários:

Postar um comentário

Aproveite este espaço com responsabilidade e exerça seu papel de cidadão .