A Toyota abandonada em frente à delegacia é o símbolo do descaso com a segurança pública em Vitória.
Na noite do dia 15 de maio, terça-feira, logo após acompanhar a sessão na Câmara Municipal da Vitória, decidi observar a movimentação na Delegacia Municipal da nossa cidade, o motivo da minha curiosidade teve início quando os vereadores Décio Filho e Heleno Rodrigues apresentaram requerimentos que pediam votos de aplausos para os representantes de órgãos de segurança em Vitória.
O que você irá acompanhar nas próximas linhas são momentos de heroísmo, tristeza e decepção, que servem de aviso para nossos vereadores, deputados estaduais, Prefeitura Municipal da Vitória e finalmente para o Governo do Estado de Pernambuco, é um relato da realidade da segurança pública em Vitória de Santo Antão.
A minha jornada acompanhando a movimentação na Delegacia Municipal da Vitória teve início às 22 h e 45 minutos, quando a Delegada Betânia os comissários João Carlos Gomes e Ivanildo Fernando (fazendo o papel de escrivão) e o agente Lucas Davi, estavam preparados para se dirigirem à Usina JB onde às 21 h e 10 minutos, aconteceu o homicídio de Cícero Pedro da Silva, 31 anos, este é o homicídio de número 47 em Vitória neste ano. Mas ás 23 h e 15 minutos um outro homicídio aconteceu no Bairro do Alto José Leal, onde a vítima foi o Leonardo Alves de Oliveira, 24 anos, esta é a vítima de número 48 em nosso município em 2007, então tem início o drama da falta de um efetivo na nossa delegacia, a Delegada Betânia precisa sair neste momento coma sua equipe para o bairro José Leal e deixar apenas um dos seus homens tomando conta da Delegacia Municipal e deverá ficar com as portas trancadas, a viatura que nos levará até o ocorrido é uma Ipanema/97 que funciona há 10 anos e que está praticamente sem as condições necessárias para o uso em operações, chegando ao local do crime no bairro do Alto José Leal já se encontrava duas viaturas do GATI sob o comando do Tenente Aldo no qual passa a informação para a equipe da Delegada Betânia, um momento comovente, como em Vitória não existe IML, quem realiza o trabalho de transporte dos corpos é uma funerária e para piorar quem faz um exame do corpo não é nenhum legista e sim os próprios agentes no caso o Comissário João Carlos.
As informações são recolhidas sobre o ocorrido e nos dirigimos para a Delegacia que está apenas com um agente, às 00h25min minutos nos dirigimos para a Usina JB, onde aconteceu o primeiro homicídio da noite, mas para isto a Delegada pede para que o Agente José Antônio da Delegacia Regional feche as portas e se diriga para a Delegacia Municipal onde irá ficar ao lado do Comissário Ivanildo Fernandes auxiliando na segurança do local, lembrando que o Comissário também faz a função de escrivão e está neste momento interrogando pessoas que estavam presentes no Homicídio que aconteceu no bairro do Alto José Leal.
Após entrar quase oito quilômetros à dentro no canavial da Usina JB chegamos à 01h15min minutos no local do Homicídio de Cícero Pedro da Silva, 31 anos, o Engenho Pirapama não possui sinal para celulares, não tem orelhões e apenas um morador pode entrar em contato com Vitória através de uma antena gigante ligada ao seu celular, a Delegada vai à residência de seu Luis, 60 anos, e realiza a comunicação com a funerária que irá transportar o corpo para o IML em Recife, mas até a viatura da funerária chegar ao local duraram horas e apenas ás 03: 45 minutos que a mesma compareceu no local, interessante que entrevistei a guarnição do 21º BPM e o Cabo Alvez afirma que em Vitória nesta madrugada apenas uma viatura estava fazendo a segurança e era exatamente eles, o Cabo Alves e o soldado Diógenes, às 04h15min minutos retornamos ao Município na Ipanema/97 que teve problemas no canavial, a equipe da Delegada Betânia tem início ao preenchimento dos ofícios para levar os corpos para o IML, esta foi a ação apenas em uma noite em Vitória, agora atentem para dados que observei no meio destas ações:
A delegada e a sua equipe nesta noite eram responsáveis não apenas por Vitória, mas por nove municípios: Vitória, Gravatá, Pombos, Chã Grande, Primavera, Escada, Amaraji, Glória do Goitá e Chã de Alegria.
O GATI também estava responsável nesta noite pelos mesmos municípios.
O efetivo na madrugada desta quarta-feira em Vitória foi: Delegacia Municipal: cinco pessoas Delegacia Regional: uma pessoa 21º BPM: apenas uma guarnição com dois homens GATI: duas guarnições com o total de 12 homens.
Uma Toyota está completamente inoperante, fica parada na frente da Delegacia, está lá há um ano e quatro meses.
A alimentação fica por conta dos próprios policiais.
Não existiu escrivão nesta noite.
O GATI : os plantões deste grupo são de 48 horas em ação e descanso de 48 horas.
A Ipanema/97 possui uma cota de R$500,00 reais por mês e esta cota já tinha nesta noite chegado ao fim, então a Delegacia entra em contato com a divisão de transportes em Recife e solicita créditos.
Sem o IML e legistas a investigação científica perde muitas provas.
O material de uso para averiguação dos corpos pelos agentes é comprado pelos próprios policiais.
Bem amigos esta foi uma jornada de 8 horas de reportagem, acompanhando toda a movimentação e os problemas que estes homens passam em termos de equipamento e falta de material humano, o recado está dado para nossos vereadores, deputados, prefeitura e para você mesmo que muitas vezes criticou a atuação dos nosso policiais e que depois desta matéria deve mudar seu pensamento.
0 comentários:
Postar um comentário
Aproveite este espaço com responsabilidade e exerça seu papel de cidadão .