Terra de monumentos. Vitória é a cidade do interior da Zona da Mata que detém o maior número de prédios, templos e monumentos históricos, como o Anjo da Vitória, a praça Leão Coroado, as Igrejas da Matriz de Santo Antão e do Rosário dos Pretos. Terra de comércio. Sua rede de equipamentos e de serviços é ampla, com pousadas, restaurantes, bares, parque de exposição de animais e um comércio variado. Terra de belezas naturais. De verdes canaviais, que se confundem com o verde das matas e das hortaliças, formando um lindo cinturão que circunda o asfalto, que abriga construções seculares de arquiteturas que remontam o barroco, nos seus quase quatro séculos de existência. Esse espaço vem contar um pouco da história dessa terra de belezas, mostrando como Vitória foi ontem, mas sem esquecer o que ela é hoje.
Parte I - A TERRA DE SANTO ANTÃO
Capítulo I
O VALE DO ITAPACURÁ
“Moram muitos camponeses que fazem considerável porção de pau brasil com os seus mouros e brasilienses (índios e escravos africanos), cujo corte é livre e cada um pode tirá-lo aonde quiser...” Escritos do flamengo Adrian Verdonck, datados de 1630, dá indicações sobre o que se designava de Mata do Brasil, localizada não muito distante do Recife e ao sul da capitania de Pernambuco.
A exploração e o povoamento do Vale do Rio Itapacurá, no qual se localiza Vitória de Santo Antão, vinculou-se, na segunda metade do século XVI, principalmente ao extrativismo vegetal, em particular do disputado pau-brasil. Desde 1540 há registro da existência de pequenas comunidades de colonizadores no vale. O processo de extração vegetal comandou a ocupação do rico Vale do Tapacurá até o início do século XVII.
O período do século XVI, em que se processou a penetração e ocupação do Vale do Itapacurá, apresentou vários conflitos, destacando-se os destinados não somente a promover o afastamento de navegadores comerciantes europeus que, aliados aos nativos, exploravam nossas riquezas naturais, como também para implantar o processo de fixação dos colonos às novas terras. A colonização seguia os cursos dos rios, aproveitando os seus vales, e era estimulada e ajudada pelo próprio donatário que fazia doação de sesmarias aos colonos. Vitória de Santo Antão tem origem nessa época, seguindo o Vale do Tapacurá, onde se instalaram as fazendas de criação, os cultivos de mandioca, algodão, cereais e, finalmente, os engenhos de açúcar nos séculos XVII e XVIII.
Na capitania de Pernambuco, no trecho que se estendia por cerca de 72 quilômetros da costa para o interior, entre os rios Capibaribe-Mirim, ao norte, e Ipojuca, ao sul, encontrava-se a Mata do Brasil, assim chamada pela grande quantidade de pau-brasil nela existente e cuja exploração constituiu a maior fonte de riqueza e comércio da capitania, até as últimas décadas do século XVI.
Assinala José Aragão que, dos fins do século XVI às primeiras décadas do século seguinte, as terras compreendidas nas ribeiras do Itapacurá e do Jaboatão foram povoadas “por lavradores e criadores que nelas obtiveram sesmarias ou compraram terras, e estabeleceram engenhos, fazendas e sítios”.
O Vale do Itapacurá, em relação a sua ocupação, vincula-se, pois, a dois marcantes momentos históricos: o extrativismo do pau-brasil e a expansão açucareira.
* Texto adaptado do livro “Uma Terra de Vitória”, da jornalista vitoriense Vivianne Santos.
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