Uma manifestação contra o descaso e a morosidade judicial parou parte do trânsito do bairro do Recife durante algumas horas na manhã de ontem. Portadores de necessidades especiais e outros representantes de 17 municípios pernambucanos, entre eles, Gravatá, Rio Formoso, A ADVISA de Vitória de Santo Antão, Ipojuca, Olinda e Recife, venceram suas limitações e se locomoveram da Câmara dos Vereadores do Recife até o Fórum Tomaz de Aquino, no Centro do Recife.
A reivindicação, que contou com carro de som, faixas e apitos, foi realizada como forma de protesto contra uma ação licitatória, impugnada há dois meses. O caso é que o Hospital Getúlio Vargas (HGV), há dois anos, conta com um programa regular de concessão de equipamentos de apoio como cadeiras de rodas, próteses, órteses e aparelhos auditivos. Depois de um processo de licitação aberto em novembro do ano passado, uma das empresas concorrentes entrou na Justiça para contestar o resultado do concurso. Até agora, os necessitados estão sem resposta.
“É uma briga de cachorros grandes, mas quem sofre somos nós. A gente não pode deixar esse programa parar. O hospital ajuda muitas pessoas. Se esse auxílio acabar, não temos a quem recorrer”, lamentou o coordenador do movimento, Jair Sirilo, que também é cadeirante. “Não vai ser fácil ir daqui até o fórum na cadeira de rodas, mas temos que chamar a atenção da sociedade e autoridades”, salientou.
José Geraldo Bezerra, 42, viajou de Rio Formoso até o Recife para participar do ato. “Nós estamos sendo prejudicados. Lá no interior estamos com uma lista muito grande de pessoas que estão precisando dos aparelhos. O benefício que nós tínhamos foi cortado de uma hora para outra”, denunciou. Jacson Alves de Sena, de 10 anos, espera uma cadeira de rodas desde outubro de 2008, pois a que ele havia conseguido emprestado está rasgada. “Espero que alguém se sensibilize. Não consigo mais carregar meu filho no braço para todos os cantos”, comentou a mãe do garoto Marise Anselmo.
Portador de paralisia infantil, Iran dos Santos, 48, foi ao protesto com um intuito diferente dos outros. Ele aproveitou a ação para denunciar a discriminação contra os portadores. Apesar das dificuldades, Iran conseguiu trabalhar durante anos como cobrador em transportes coletivos e, assim, “alimentou os seus cinco filhos”. “Não temos muita força física, mas temos muita força de vontade para mudar a realidade”, afirmou.
Os manifestantes do protesto se dispersaram ao chegar no Fórum Tomaz de Aquino, onde estaria o juiz da causa, José Marcelon Luis. Em nota, a direção do Hospital Getúlio Vargas informou que, este ano, está triplicando a oferta dos aparelhos e, por isso, abriu a licitação, que correu dentro dos trâmites legais, até ser impugnada. “Para que não haja maiores prejuízos para os pacientes, o HGV abriu processo de dispensa de licitação e a expectativa é normalizar o fornecimento dos equipamentos já na próxima semana”, informou o documento.
Fonte: FolhaPE
Fotos: Raminho Fotógrafo
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