Classe C agora tem mais brasileiros que classes D/E, diz pesquisa

Pesquisa encomendada pela Cetelem, financeira do grupo francês BNP Paribas, em parceria com o Instituto de Pesquisa Ipsos, mostra que as classes D/E de consumo encolheram nos últimos três anos. Pela primeira vez nesse período, de acordo com o levantamento, a classe C concentra o maior número de brasileiros.
Segundo o estudo, em 2005, 15% da população brasileira estava nas classes A/B de consumo, 34% na classe C e 51%, nas classes D/E. Em 2006, houve uma migração: 18% estavam nas classes A/B, 36% faziam parte da classe C e 46% estavam nas classes D/E.
A virada aconteceu no ano passado. Agora, 46% estão na classe C e 39%, nas classes D/E. Em 2007, As classes A/B de consumo voltaram ao percentual de 15%, verificado em 2005.
O diretor-executivo de Marketing, Parcerias e Novos Negócios da Cetelem Brasil, Franck Vignard-Rosez, diz que a migração entre as classes significa um aumento na qualidade de vida. Segundo ele, a análise dos últimos anos mostra a consolidação de uma tendência.
“Em 2006, tínhamos medo de que o crescimento fosse apenas pontual, por conta das eleições, mas agora vimos que é contínuo”, disse.
Segundo ele, ao entrar na classe C, o consumidor passa a ser mais exigente na hora de comprar produtos e serviços. “Vemos um aumento da exigência do consumidor em termos de produtos e serviços. Antes, a pessoa queria apenas uma TV. Hoje, ela quer uma TV de tela plana”, afirma.
DINHEIRO SOBRANDO
Os dados mostram ainda que aumentou a renda disponível das classes D/E, ou seja, o resultado entre o que se ganha e o que se gasta - o orçamento doméstico. O indicador ficou negativo em R$ 17 em 2005. Em 2006, houve uma melhora, e a renda disponível ficou positiva em R$ 2, chegando a R$ 22 em 2007.
A tendência também aparece na classe C, mas com menor intensidade. Em 2005, a renda disponível foi de R$ 122, passando para R$ 191 em 2006 e caindo para R$ 147 em 2007. Já as classes A/B tiveram queda de 20% neste indicador nos últimos três anos, saindo de R$ 632 em 2005, chegando a R$ 518 em 2006 e atingindo R$ 506 no ano passado.
RENDA X CLASSE
A pesquisa aponta uma diminuição na desigualdade de renda. O rendimento médio cresceu nas classes D/E, passando de R$ 545 em 2005, para R$ 571 em 2006 e atingindo R$ 580 em 2007.
Já nas outras classes, houve redução. Nas classes A/B, a renda média foi de R$ 2.484 em 2005, R$ 2.325 em 2006, e de R$ 2.217 em 2007. A classe C também apresentou uma variação decrescente: o rendimento foi de R$ 1.107 em 2005, R$ 1.162 em 2006 e ficou em R$ 1.062 no ano seguinte.
CELULAR E COMPUTADOR
O brasileiro também quer comprar mais. Passou de 19% para 24% a pretensão de compra de telefone celular, e de 17% para 20% a intenção de compra de um computador para casa. Adquirir uma propriedade é um desejo de 13% dos entrevistados. Esse índice era de 11% em 2006.
Gastar em decoração também é sonho de consumo para 18% das pessoas. A intenção de compra de um carro passou de 16%, em 2006, para 17%, em 2007.
Já em itens como eletrodomésticos, lazer e viagem, TV Hi-Fi e vídeo, equipamentos esportivos e moto, houve redução na pretensão de compra.
NOTA PARA O BRASIL
Na pesquisa, os entrevistados deram notas para a situação atual do país. O resultado mostra que o otimismo é maior entre os brasileiros do que entre os europeus.
A média dada na pesquisa feita no Brasil foi de 5,3, em uma escala de 0 a 10. Entre os europeus, a nota média foi de 4,9. A nota para a situação no Brasil foi a maior dada desde 2005, quando a média foi de 4,7. Em 2006, foi de 5,2.
METODOLOGIA
Para a pesquisa, foram realizadas 1,5 mil entrevistas em 70 cidades de nove regiões metropolitanas entre os dias 12 e 21 de dezembro de 2007. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, com 95% de intervalo de confiança.
O estudo foi feito com cota representativa do eleitorado brasileiro, por sexo, idade, educação, atividade econômica e região baseados em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A amostra desenhada foi proporcional à população brasileira.
Os conceitos de classe social empregados na pesquisa são os definidos pelo Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB). O critério estima o poder de compra dos indivíduos e famílias urbanas e é fornecido pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep).

Reportagem: Alexandre Rogério

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