Ministro vai investigar faculdade de GO que aprovou menino

O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (6) que vai investigar o vestibular da Universidade Paulista (Unip) de Goiânia, que aprovou um garoto de 8 anos para o curso de direito. O ministro classificou a aprovação de "preocupante".
A declaração foi feita durante a cerimônia de instalação da Comissão de Implantação da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), em Brasília. João Victor Portellinha de Oliveira cursa o 5º ano do ensino fundamental e passou no processo seletivo, que inclui redação e prova de múltipla escolha. Para o menino, o exame teve perguntas “tranqüilas”. “Eram coisas que eu já estava preparado. Estudei uma semana antes da prova. E o tema da redação era fácil, era sobre uma matéria de jornal que falava sobre pessoas que gastam dinheiro coisas inúteis. Era para escrever carta sobre a matéria”, disse ao G1 na quarta-feira (5). A Unip informou que o menino participou do processo seletivo como treineiro- estudante que não concluiu o ensino médio e que faz a prova por experiência. Segundo o diretor da universidade, José Augusto Nasser, na inscrição para o vestibular não há diferenciação da categoria de treineiro, mas para fazer a matrícula é necessário apresentar documentos que comprovem a conclusão do ensino médio.
João Victor foi barrado na porta da Unip na manhã dessa quinta-feira. Ele foi à instituição para tentar assistir à sua primeira aula. Nasser afirmou que a matrícula do garoto não será efetivada, pois ele não concluiu o ensino médio. A universidade reconheceu em nota da direção, nessa quarta-feira, que João Victor fez uma boa prova. “O desempenho do estudante, levando em consideração sua idade e escolaridade, foi bom, especialmente na prova de redação, em que revelou boa capacidade de expressão e manejo eficiente da língua. A singeleza do conteúdo não destoava da linguagem simples, direta, coloquial, com poucos deslizes em relação à norma culta. Este fato o torna merecedor de um acompanhamento especial em seus estudos”, dizia o documento.
De acordo com a presidente do Conselho Estadual de Educação de Goiás, professora Maria do Rosário Cassemiro o garoto não pode ser matriculado devido a um artigo da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) que define que para cursar o ensino superior é preciso que a pessoa tenha concluído o ensino médio.
INSATISFAÇÃO DA OAB
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção de Goiás (OAB-GO) também classificou a aprovação de João Victor como “preocupante”. “O fato materializa o alerta que a OAB-GO vem fazendo há tempos sobre a mercantilização do ensino jurídico, que não está sendo tratada pelas autoridades com a devida urgência que requer”, disse nota divulgada no site da Ordem.
O documento diz ainda: “O referido fato, por si só, caso seja comprovado, merece que a instituição de ensino sofra imediata intervenção do MEC para que seja verificado se casos semelhantes ocorrem com freqüência e em que circunstância o episódio ocorreu”.
Reportagem: Alexandre Rogério

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