Homossexuais podem ser padres se forem celibatários, diz bispo da CNBB

O vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Luís Soares Vieira, disse ontem, após o encerramento da 47ª Assembleia Geral da CNBB, realizada em Indaiatuba (SP), que tanto os heterossexuais quanto os homossexuais que desejam ser padres devem respeitar a lei disciplinar do celibato e da castidade. 

O documento Diretrizes para a formação dos presbíteros, aprovado na quinta-feira durante a assembleia e que será submetido à autorização do papa Bento XVI antes de ser divulgado, fala, no campo da sexualidade, de “possíveis distúrbios incompatíveis com o sacerdócio”.

“Os homossexuais, para nós, são pessoas humanas. Eles têm, vamos dizer, essa constituição, então devem ser tratados como gente, com respeito. Agora, o que acontece: o que se exige do heterossexual, o celibato, para ser padre, se exige também do homossexual. Se ele for entrar no sacerdócio, ele tem de viver o celibato e a castidade”, afirmou dom Luís.

“E aí, naturalmente, nós estamos estudando e ajudando a pessoa a entender que, às vezes, ela também não tem esse dom do celibato. Mas que devemos tratar com dignidade, sem discriminação os homossexuais, sem dúvida nenhuma. São seres humanos, são filhos de Deus e merecem todo o respeito.”

O bispo reiterou a importância da preparação dos católicos para a Igreja, e a necessidade do celibato e castidade na formação presbiteral, tema central do encontro que reuniu, nos últimos dez dias, 330 bispos brasileiros. 

“O celibato não é uma lei divina. É uma lei disciplinar. Temos na Igreja Católica Apostólica Romana alguns ritos em que os padres se casam. Agora, no rito latino, que é nosso rito no Brasil, quem quiser ser sacerdote, presbítero, tem de fazer opção pela vida celibatária e viver dentro da castidade. E isso nem todos têm como proposta de vida. Tem pessoas que não foram feitas para isso”, afirmou dom Luís.

Os bispos elaboraram documento, durante a assembleia, sobre a necessidade de formação e iniciação cristã, já que a religião, atualmente, é muito mais uma questão de opção do que de cultura ou educação familiar.

“Hoje a pessoa escolhe a religião, então, temos de entender essa mudança de tempo, de realidade, e mostrar aos nossos católicos que eles têm de fazer uma opção pela nossa igreja, uma opção consciente, saber qual é o fundamento dela”, afirmou o vice-presidente da CNBB.

No ano que vem, a CNBB realizará seu encontro em Brasília, onde também será realizado o 16º Congresso Eucarístico Nacional. A partir de 2011, a assembleia dos bispos será realizada no Santuário de Aparecida, em São Paulo, já que a Casa de Retiros Vila Kostka, em Itaici, já não comporta mais a reunião episcopal.

“O problema de Itaici é o tamanho da assembleia. Quando começamos aqui, nossa assembleia não tinha 200 bispos. Hoje são mais de 300. E as acomodações aqui não estão mais correspondendo. Alguns bispos têm de ir para os hotéis, então a coisa se tornou precária”, afirmou dom Luís Soares Vieira.

Fonte: Jornal do Commercio

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