Pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) estão desenvolvendo um novo teste para detectar os resíduos dos disparos de armas de fogo. O exame será um valioso aliado para os peritos criminais, que nem sempre podem contar com testes eficazes.
Cada tiro disparado deixa marcas quase invisíveis na mão do atirador, no alvo, no projétil e na arma utilizada. As partículas do explosivo que provocam o disparo são coletadas pelos peritos e podem ser decisivas pra provar se o tiro partiu de determinada arma e quem atirou. “Nessas partículas, no caso da munição comum, vamos encontrar alguns metais, como bário, antimônio e o chumbo”, diz o perito Ricardo Saldanha.
O problema é que os atuais testes que identificam estes metais não são tão eficazes. “Em relação à metodologia tradicional, a gente teve resultados com erro em torno de 87%, na média”, aponta o perito Adenaule Geber.
A dificuldade pra identificar os resíduos é cada vez maior com o surgimento das novas munições que não têm chumbo nem metais pesados, e por isso não são detectadas pelos testes atuais. É aí que entra a contribuição dos pesquisadores da UFPE: o novo teste se baseia num marcador visual que, misturado à munição, pode ser facilmente identificado pelos testes.
Foram dois anos de pesquisas e muitos testes para desenvolver o marcador da munição. A composição do material é mantida em segredo até a conclusão do processo de patenteamento. Os pesquisadores asseguram que basta apenas uma quantidade mínima do material, algo como 2% da massa da espoleta para o marcador ser identificado.
O marcador é visto no escuro, com uma lâmpada ultravioleta. São pontinhos brilhantes, que podem ser verdes ou vermelhos. “A vantagem é que a gente pode detectar a presença do resíduo de tiro no suspeito, em qualquer lugar, pela análise visual seja da mão ou das roupas do atirador, ou da própria vítima. Qualquer policial pode fazer isso na rua, durante seu trabalho de rotina”, diz a professora Ingrid Weber.
“É essencial esta troca de informações entre a universidade e os órgãos de segurança pública, principalmente nesse caso porque nós precisamos desse tipo de intercâmbio. Há sempre uma mudança tecnológica e temos que acompanhar estas mudanças”, diz o perito Alexandre Bezerra.
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