Quando embarcou de volta para a Europa no voo 447 da Air France, Georg Martiner, 25 anos recém-completados, acabava de fechar um ciclo de sua história. Abandonado ainda bebê nas ruas de Salvador e adotado aos 2 anos por um casal italiano, ele havia passado as duas últimas semanas viajando pelo Brasil. "Ele tinha o sonho de conhecer o lugar onde nasceu. Demos a viagem de aniversário", conta a mãe italiana, a professora Alberta Kostner, 52.
Ao lembrar-se das últimas conversas com o filho, por telefone, Alberta é capaz de remontar as impressões de Georg sobre o Brasil. "Ele gostou muito do Rio, disse que parecia mais com a Europa. Foi a Fortaleza, onde comemorou o aniversário com amigos de Viena. Gostou menos de Salvador, a terra natal. Não me disse o porquê". Na Bahia, Georg não tinha esperança de encontrar vestígio dos pais biológicos. Fora abandonado em 1984, "em meio ao lixo", segundo Alberta. Foram dois anos de burocracia e um período de convivência de dois meses em Salvador até que Alberta e o marido, Leo, pudessem levá-lo para viver com eles no norte da Itália, na pequena Ortisei. Adotaram também Markus, da mesma idade, que vivia igualmente abandonado em Salvador. Cinco anos depois, a família ganharia mais um integrante baiano, Thomas.
Com a partilha dos bens da família, desde os 18 anos vivia com independência, sem precisar trabalhar, fazendo cursos de todos os tipos. Gostava de dançar e amava o mar. "Ele estava morando em Viena. Tinha namorada e muitos amigos". Seu único problema, diz ela, era não terminar os estudos. "Ele foi à escola até os 14 anos. Foi quando o pai morreu de leucemia. Daí, começava os cursos, depois largava. No entanto, Georg tinha planos de terminar os estudos aqui e ser embaixador".
Fonte: DP
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