Denúncia da Globo afasta diretora da FUNDAC/Vitória

Tudo começou com a denúncia de Conselheiros Tutelares da cidade em relação a um jovem que desapareceu do abrigo em PACAS.Veja na íntegra as matérias divulgadas pela Rede Globo no quadro Vida Real do NE TV 1ª Edição e repercutido no NE TV 2ª Edição.

Vida Real denuncia abrigo em que adolescentes e adultos convivem juntos 17.01.2008 às 13h06m

O Vida Real desta quinta (17) mostrou uma denúncia diferente. Ao invés de problemas em comunidades, o quadro mostrou o estado de um dos três abrigos da Fundação da Criança e Adolescente (Fundac) para jovens com necessidades especiais. No lugar, adolescentes e adultos convivem lado a lado. Este fato, que por si já é um grande problema, se junta a falta de estrutura do local.
A comunidade Casa Grande, localizada no Engenho Pacas, Vitória de Santo Antão, abriga, há oito anos, jovens com deficiência mental. A conselheira tutelar Severina Léa de Oliveira denunciou que um dos moradores da casa fugiu e ninguém foi comunicado.
“È um menino de 15 anos, que mora em Machados. Ele veio para esse lugar por ordem do juiz, mas quando chegamos aqui para fazer uma visita, não o encontramos. Ninguém sabe onde ele está” protestou a conselheira.
Além do garoto de Machados, outros dois adolescentes convivem diariamente com os adultos, sem separação. “Alegam que eles têm a mesma idade mental, mas a força física é diferente” contestou Severina, lamentando, também, as condições precárias em que os jovens vivem.
“Isto é um depósito de gente. Se ninguém quiser as pessoas, mandam para o Engenho Pacas. Esta é a triste realidade” reclamou a conselheira.
A casa onde funciona o abrigo foi construída na década de 30 e, atualmente, têm 41 abrigados. Há apenas um policial fazendo a guarda de todos.

Fundac descobre pelo Vida Real que adolescente havia desaparecido
17.01.2008 às 14h26m

A diretora da área protetiva da Fundac, Raquel Correia, ficou sabendo, através do Vida Real, que havia um jovem fora da Comunidade Casa Grande. O garoto foi encaminhado para o abrigo em dezembro, mas, desde o dia 18 do mesmo mês, estava desaparecido. A diretora da Fundac, porém, só soube do ocorrido na quarta-feira (16), logo depois das gravações do Vida Real.
“Assim que ficamos sabendo do desaparecimento do garoto, entramos em contato com várias pessoas de Machados, onde ele morava, e descobrimos que ele estava com a família desde o dia que saiu do abrigo”, contou a diretora.
Segundo ela, a Casa Grande é para adultos e só recebeu o jovem porque o juiz da comarca de Machados ordenou. “O pai do adolescente queria ficar com ele, o jovem também não queria se separar da família. Mas o juiz ordenou e nós obedecemos”, contou a diretora.
“É preciso deixar claro que, diferentemente dos jovens que cumprem medida sócio-educativa, os adolescentes do Engenho Pacas não têm privação de liberdade” ressaltou Glória Ramos, promotora do Ministério Público.
“Portanto eles têm direito de ir e vir. Freqüentam escola, fazem cursos, ou seja, estão livres, o abrigo é a casa e o Estado o responsável. O rapaz tem necessidades especiais mas sabe ler e escrever e poderia muito bem pegar o ônibus de volta para casa sem que ninguém soubesse”, explicou a promotora.

Coordenadora do abrigo do Engenho Pacas é afastada do cargo
17.01.2008 às 15h17m

A coordenadora do abrigo Comunidade Casa Grande, Adelaine Antunes, foi afastada do cargo na tarde desta quarta-feira (16) logo após gravação do Vida Real. A diretora da Fundac, Raquel Correia, afirmou que a medida foi tomada para que o caso seja apurado adequadamente.
“Não podemos afirmar de quem é a culpa, por exemplo, do jovem ter voltado para casa. Mas é certo que a coordenadora da Casa Grande deveria ter nos comunicado e ela não fez isso” condenou Raquel.
A promotora do Ministério Público, Glória Ramos, explica que somente após a sindicância o Ministério terá uma resposta concreta. “Posso garantir de antemão que a Fundac não tem culpa, pois não é responsabilidade do órgão avisar ao juiz o desaparecimento do jovem e sim da coordenadora do abrigo” contou.
Adelaine Antunes perdeu o cargo, mas ainda é vinculada ao estado.

Representante da Fundac se defende atacando
17.01.2008 às 15h58m

A diretora da área protetiva da Fundac, Raquel Correia, defendeu a instituição atacando as prefeituras, ao vivo no Vida Real desta quinta (17). Segundo ela, boa parte dos problemas do abrigo Casa Grande poderiam ser resolvidos se estas instâncias cumprissem suas obrigações.
De acordo com ela, as 41 pessoas que moram no Engenho Pacas estão lá porque os municípios não assumem uma responsabilidade que é deles. “Em dezembro de 2006 o governo federal determinou a municipalização dos abrigos, medida que apenas reforçou o que dizia o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) há 17 anos, mas até agora, poucas cidades se mobilizaram” denunciou.
“Antes de vocês mostrarem os problemas da Casa Grande havíamos planejado retirar o abrigo daquela região. Até recebemos a verba, mas nenhuma cidade da Região Metropolitana quer receber a unidade” lamentou.
“Enquanto os municípios continuarem omissos, ficaremos nessa situação. Atualmente temos três abrigos para jovens com necessidades especiais. São 107 pessoas assistidas, 97 delas maiores de 18 anos”, contou. Sobre o fato de adolescentes e adultos conviverem no mesmo espaço, Raquel foi categórica: “Não temos escolha. Essas pessoas, hoje adultos, entram aqui crianças. Não temos para onde mandá-las. Não podemos simplesmente jogá-las na rua” afirmou.
O projeto de construção de um novo abrigo deve começar, segundo a diretora, ainda no primeiro semestre de 2008.


Publicado 18 de dezembro de 2007
INFODIVERSIDADE.COM

Fonte: pe360graus.com

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