"A peça acabou. Você entende, algo que daria a impressão do fim de tudo, da morte, mas sem falar da morte..." diz Bernard. E acrescenta que, numa espécie de epílogo,mostraria a praça, deserta em meio à noite, mais bela que durante o dia, o silêncio só cortado pelo ruído das folhas no vento, o doce barulho de uma fonte, um pio de pássaro noturno, e onde as estátuas se moveriam lentas, como sombras.
Sábado passado, um grupo de amigos estivemos com Marcus Prado na Praça da Casa Forte, que talvez pudesse ser personagem do romance de Bernard. Não fossem os galhos secos, há meses, nas árvores da mata atlântica ou da amazônia trazidos por Burle Marx; não fossem os parasitas crescendo livremente no topo da vegetação. Não fosse a incrível sujeira da água dos tanques, onde as vitória-régias já não podem vicejar, conforme explicou Geovana Costa Lima, que todos chamamos afetuosamente de Vaninha, moradora na Praça há mais de meio século. Não fossem as dezenas de recipientes com água para lavagem de carros, depositados ao lado de um dos tanques. E uma pergunta: já que vivem disso, por que os lavadores não enchem as latas uma a uma, à medida das necessidades, em vez de estragar a harmonia do conjunto?
Verdejante, bucólica, carregada de passado, faltaria pouco para que a Praça da Casa Forte recuperasse a antiga beleza criada por Burle Marx. E pudesse se transformar em cenário de romance.
Colaboração: Jornalista Marcus Prado
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