Banco do Brasil vai reestruturar sua área de seguros

Seja qual for o desfecho das negociações em torno da Sul América, o Banco do Brasil quer promover uma reestruturação que torne mais enxuta a área de seguridade do conglomerado. De olho em ganhos de eficiência e no aumento de sua fatia nos lucros, a instituição pretende reduzir tanto o número de empresas quanto o número de sócios do conjunto de seus negócios com seguros, previdência privada e capitalização. Também é diretriz da reestruturação o uso de corretores como canal de distribuição de produtos.
Isso explica o suposto interesse do banco em comprar a SulAmérica Companhia Nacional de Seguros, maior seguradora independente do país, com faturamento de R$ 7,7 bilhões em 2008, e principal sócia em duas das seis empresas de seguridade coligadas do Banco do Brasil.
Uma dessas coligadas é a BrasilVeículos, da qual a companhia participa diretamente.
A segunda é a Brasil Saúde, em cujo capital a seguradora "mãe" participa indiretamente, por intermédio de uma controlada dedicada ao ramo saúde.
A relação do Banco do Brasil com a família Larragoitti, sócia do banco holandês ING na companhia, envolve ainda uma terceira coligada sua, a BrasilCap. Mas aí a seguradora não tem qualquer participação direta ou indireta. A sócia privada, nesse caso, é a SulAmérica Capitalização (Sulacap), controlada pela mesma família, mas que não faz parte do grupo sob controle da holding SulAmérica SA (Sulasa), ao qual pertence a SulAmérica Companhia Nacional de Seguros. Por isso mesmo, essa última parceria talvez não seja revista agora, ficando para uma etapa posterior da reestruturação.
As mudanças deverão atingir primeiro e mais fortemente a atuação do Banco do Brasil no ramo de seguros para automóveis. Hoje, os produtos da BrasilVeículos são vendidos praticamente só dentro de agências bancárias, do BB e, mais recentemente, também da Nossa Caixa (banco comprado pelo BB do Estado de São Paulo).
E, nesse ramo, cerca de 80% do faturamento do setor de seguros vêm das vendas feitas por corretores. Em vez de montar uma rede própria, o BB aproveitaria a rede já existente da SulAmérica, que mantém parceria com cerca de 26 mil corretores ativos em todo o país, atuando mais forte no ramo veículos, embora também vendam outras modalidades de seguro. São considerados ativos apenas corretores que fazem intermediação regularmente para seguradora.
Já os produtos mais complexos, como os planos de previdência, continuariam a ser vendidos só via agências, por exigir maior necessidade de orientação à clientela.
Por causa de um acordo de confidencialidade, o Banco do Brasil não informa que desenho prevalecerá nem quantas empresas podem desaparecer, por atos de fusão ou incorporação. Tampouco se sabe quem continuará ou não sócio do banco estatal nos negócios com seguridade. Mas um dos desenhos considerados possíveis juntaria numa empresa só os seguros de vida, vendidos pela Aliança do Brasil, e produtos de previdência privada, da BrasilPrev.
O ramo veículos ficaria dentro da mesma empresa que venderia outros seguros, como aqueles para imóveis. A ordem é ganhar sinergia.
A reestruturação tem como objetivo final elevar a participação dos produtos de seguridade no resultado do banco, hoje na casa de 17%. Em bancos privados, essa parcela chega a 30%, caso do Bradesco, por exemplo.
A avaliação é de que, diante da estabilidade sustentada que vem ganhando a economia brasileira, é grande o potencial de crescimento do setor de seguros e, por consequência, também a expectativa de ganhos. Mesmo na crise, a SulAmérica, por exemplo, exibiu aumento de receita de prêmios em 2009. O volume de receita subiu de R$ 3,67 bilhões para R$ 4,14 bilhões, na comparação dos primeiros semestres de 2008 e de 2009.
O faturamento do setor de seguros no Brasil é próximo a 3% do Produto Interno Bruto (PIB), o que é considerado baixo em comparação a outros países.
Por outro lado, isso também indica grande potencial de expansão, tanto na visão da SulAmérica quanto na avaliação do Banco do Brasil.
Nos Estados Unidos, por exemplo, os seguros respondem por um faturamento de quase 9% do PIB e no Reino Unido por mais de 15%


Fonte: Valor Econômico

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