Alunos especiais e sem escola

"É difícil encontrar uma escola preparada, com espaço disponível e professores especializados na rede estadual de ensino. E sei que o meu filho também tem o direito de estudar." O desabafo da dona-de-casa Maria Anunciada da Silva, de 49 anos, representa o drama vivido por outras dez mães de alunos portadores de necessidades especiais da Escola Estadual Olívio Montenegro, em Campo Grande. Na semana passada, a diretora da unidade, Marluce Caetano, anunciou o fechamento da turma especial que funcionava há três anos. Desde então os pais dos 11 estudantes, com idades entre 16 e 39 anos, tentam encontrar um novo colégio na rede estadual. De acordo com a diretora da Olívio Montenegro, a sala especial encerrou suas atividades a pedido da Gerência Regional de Educação (GRE). "A escola vai se transformar em centro experimental, então pediram as salas que estavam ocupadas com 11 turmas", explicou Marluce Caetano. Para Suzana Salazar, irmã da estudante Andréa, a Olívio Montenegro também poderia virar modelo em inclusão. "Por que para virar centro experimental foi preciso tirar os alunos especiais?", reclamou. A diretora informou que os alunos remanescentes foram encaminhados à Escola Estadual Clóvis Beviláqua, no Hipódromo. Os pais dos estudantes, no entanto, souberam que as turmas especiais de lá também foram fechadas. A unidade mais próxima encontrada pela GRE foi a Escola Dom Carlos Coelho, na Ilha do Joaneiro. "Mas lá é muito perigoso. Falei com mães que moram por lá e elas disseram que os tiroteios são constantes. Se já é ruim para os alunos normais, que podem se defender, imagina para nossos filhos?", retrucou Nancy dos Santos, mãe de Eduardo, de 16 anos, portador de síndrome de Down. Os alunos, habituados à antiga escola, também não gostaram das novidades. "Conheço todo mundo na Olívio Montenegro. Gostaria de continuar", afirmou Bruno da Silva, endossado por seus colegas. Por conta das pressões, a secretária executiva da Secretaria de Educação do Estado (SEE), Aída Monteiro, garantiu que vai concentrar esforçospara manter os 11 alunos especiais na antiga escola. "Diante de tudo o que esses alunos já passaram e devido às necessidades que eles possuem, vamos fazer o possível para garantir os estudos deles. Pelo menos durante este ano letivo", declarou.
Reportagem: Alexandre Rogério

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