Coluna de Vivianne Santos - Uma terra de vitórias

Parte I - A TERRA DE SANTO ANTÃO
Capítulo VIII

A BATALHA DAS TABOCAS


“Deus não foi servido recompensar o nosso esforço, dever e armas com a vitória, mas diminuir as nossas tropas de alguns soldados mortos e feridos com que mostrou que a vitória só de Deus provém e que ninguém deve confiar apenas na força dos homens.” Mensagem de H. Van Hans, comandante das tropas derrotadas, dirigindo-se aos seus chefes superiores.

Em 1637, chega a Pernambuco, vindo da Holanda, o conde João Maurício de Nassau para assumir o comando da administração da nova província. Nassau fez um bom governo e acabou por conquistar a simpatia e a confiança de todos. Porém, ele não concordava com as ordens vindas da Holanda, pois almejava um governo de paz e progresso. Isso não agradou o governo da Holanda, que começou a desconfiar de Nassau e ordenou que ele retornasse a seu país. Seus sucessores começaram a destruir suas obras e a explorar o povo, que começou a se revoltar
Durante o governo do Conde, depois Príncipe, João Maurício de Nassau Siegen, houve relativa paz que favoreceu a recuperação econômica do Nordeste.


Os brasileiros tinham muitas razões para essa revolta. A Holanda exigia 75% da produção de açúcar, além disso, a guerra, os ataques dos guerrilheiros, a morte de negros numa epidemia de varíola, más colheitas, a baixa do açúcar na Holanda, a alta do preço dos gêneros alimentícios no Brasil, tudo isso fez com que os produtores de açúcar pedissem empréstimos sobre empréstimos particularmente aos negociantes, que cobravam juros exorbitantes.

João Fernandes Vieira: Homem benévolo e rico proprietário de engenhos. Foi aclamado pelos insurretos como o Governador da Liberdade e Restauração.

Enriqueciam os mercadores na cidade, empobreciam os fazendeiros nos canaviais. Nassau tentara equilibrar a situação, adiando cobranças, protelando dívidas. Agora, que ele não estava mais no poder, os holandeses, ávidos de maiores lucros, apertavam cada vez mais o cerco aos devedores. Por outro lado, os pregadores calvinistas, sem a presença conciliadora de Nassau, passaram a atacar com mais violência, prejudicando e impedindo as atividades religiosas.
Tornava-se insuportável para os católicos e senhores de engenho a dominação holandesa. Enquanto esteve no Brasil, Nassau conseguiu sobrepor-se às nacionalidades e às crenças e harmonizar os interesses. Agora, a conciliação acabara e os brasileiros preparavam-se para expulsar o invasor. Com o apoio do governador do Brasil, Antônio Telles da Silva, André Vidal de Negreiros entrou em contato com aquele que chefiaria o movimento: João Fernandes Vieira. Antônio Telles mandou da Bahia um pequeno grupo de combatentes negros sob o comando de Antônio Dias Cardoso. Juntaram-se ao grupo o índio Felipe Camarão e outros indígenas.
Com essa mistura de raças e credos em defesa da liberdade da província de Pernambuco, aconteceu, em 1645, a Batalha das Tabocas que confrontou 1,9 mil soldados de elite da Holanda, equipados com os melhores armamentos da época e ajudados por alguns índios, contra 1,2 mil negros, índios e brancos luso-brasileiros.

Só 200 deles tinham armas de fogo. Pedras e paus-tostados completavam o armamento. Por volta do meio-dia do dia 3 de agosto de 1645, os holandeses atearam fogo no Sítio das Covas e partiram em busca dos rebeldes, que estavam acampados no Monte das Tabocas.
Uma tropa foi enviada por João Fernandes Vieira, um dos principais líderes da Insurreição, para recebê-los com uma emboscada. E deu certo. Os invasores chegaram a dominar grande parte do Monte, mas os luso-brasileiros ganharam terreno. A última investida foi um ataque de 50 negros, que desceram a colina, tocando os tambores e fazendo um barulho ensurdecedor.
Já de noite, após seis horas de combate e debaixo de chuva, os holandeses partiram, derrotados, para o Recife. A vitória nas Tabocas abriu caminho para a definitiva expulsão dos flamengos, que só aconteceria na Campina do Taborda, em 1654. O Monte foi transformado em Parque Histórico Estadual em 9 de novembro de 1978 que é preservado com a ajuda da Organização Não Governamental Guardiões do Monte das Tabocas (ONG.G.M.T.), fundada em 3 de agosto de 1997. Simultaneamente, trabalha a ONG. G.M.T., em pesquisas e levantamentos sobre a vegetação, hidrografia, clima e relevo do território vitoriense e áreas circunvizinhas.

Monte das Tabocas – do alto desse monte caiu sobre o invasor a fúria da revolta. Os combatentes pernambucanos sentiam-se um povo, e um povo de heróis

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