O deputado estadual Marco Barreto (PMN) está sendo denunciado pelo Ministério Público do Trabalho por manter um grupo de trabalhadores rurais em "condições degradantes" no engenho Vida Nova, em Água Preta, na Mata Sul de Pernambuco. Os procuradores responsáveis pelo caso vão ingressar com uma ação civil pública contra o parlamentar com base no relatório de uma inspeção conjunta realizada no dia 14 de fevereiro na propriedade, onde uma série de irregularidades foram constatadas. O engenho de cana-de-açúcar, que supostamente pertence a Barreto, foi interditado e a produção suspensa, algo inédito no país. Com escolta da Polícia Federal, a fiscalização identificou que aproximadamente 40 cortadores de cana do engenho eram mantidos em regime clandestino e em condições subumanas. Além de não possuírem carteira assinada (com remuneração abaixo do mercado), os bóias-frias enfrentavam péssimas condições de trabalho e não tinham sequer equipamentos de proteção, como botas, luvas e chapéus. O ônibus que transportava os trabalhadores até o canavial também apresentava condições precárias.Marco Barreto alegou que não é proprietário do engenho, mas a procuradora federal Auxiliadora Sá, que esteve no local, foi informada pelos próprios agricultores que o dinheiro do pagamento era repassado pelo parlamentar a um intermediário, identificado como Antônio Wilson. "O dano moral coletivo existe e é patente. As declarações dos trabalhadores dão conta que o deputado fazia o repasse do pagamento. A degradação humana enfrentada pelo grupo de trabalhadores foi comprovada durante a inspeção", afirmou a procuradora, que está aguardando a conclusão do relatório da Procuradoria Regional do Trabalho para encaminhar a ação civil pública à Justiça Federal. A investigação da procuradoria e de auditores fiscais no engenho Vida Nova foi motivada após um acidente de ônibus que culminou com a morte de dois agricultores e feriu outros 31 trabalhadores clandestinos que seguiam para a propriedade. Procurado por telefone, o deputado estadual negou todas as acusações e alegou que o seu pai é o verdadeiro proprietário das terras, que foram arrendadas a outro produtor rural. "Eu não tenho nada com isso. A fazendo é do meu pai, que vendeu a lavoura a Antônio Wilson". Marco Barreto também disse que não é responsável pelo pagamento dos cortadores de cana: "Não tenho nada com pagamento nenhum. O que está envolvido é o nome do meu pai. Só posso ver essa denúncia como uma perseguição política dos meus adversários", desabafou, alegando que a terceirização da safra da cana foi formalizada.
Reportagem: Alexandre Rogério
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