Coluna de Décio Filho - O “GIGANTE ADORMECIDO” SONHANDO COM A REAL CIDADANIA


A palavra cidadania foi usada na Roma antiga para indicar a situação política de uma pessoa e os direitos que essa pessoa tinha ou podia exercer.

Em nosso país, foram dados passos importantes na gestação de nossa cidadania com o advento da “Redemocratização” e da promulgação de nossa Constituição de 1988.

Porém, ainda temos um longo caminho pela frente. A cidadania no Brasil ainda possui uma visão muito reducionista. Muitas vezes compreendemos os direitos como uma concessão, um favor de quem está acima para os que estão abaixo. Contudo, a cidadania não nos é dada, ela é construída e conquistada a partir da nossa capacidade de organização, participação e intervenção social.

A nação brasileira nasceu sob o signo da cruz e da espada e os seus filhos foram acostumados a apanharem calados e a sempre dizerem “sim senhor”, a “engolirem sapos”, a acharem normal a injustiça, a darem um “jeitinho” para tudo, a não levarem a sério a coisa pública, a pensarem que direitos são privilégios e que exigi-los é ser boçal e metido.

O povo brasileiro é conformista por natureza. Sempre ouvimos: “Deus é brasileiro”. Tudo bem, nosso país é privilegiado por suas belezas naturais e por uma freqüência mais branda de desastres naturais, mas, é como estivéssemos dizendo: “Se tudo vai mal, é porque Deus quer e olha que Ele veste verde-amarelo, hein!”.

A real cidadania não surge do nada como um toque de mágica, nem tampouco a simples conquista legal de alguns direitos significa a realização destes direitos. É necessário que o cidadão participe, seja ativo, faça valer os seus direitos.

Construir cidadania é construir novas relações e consciências. É no convívio do dia-a-dia que exercitamos a nossa cidadania, através das relações que estabelecemos com os outros, com a coisa pública e o próprio meio ambiente. A cidadania deve ser perpassada por temáticas como a solidariedade, a democracia, os direitos humanos, a ecologia, a ética.

Portanto, a cidadania é tarefa que não termina. A cidadania não é como um dever de casa, onde faço a minha parte, apresento e pronto, acabou. Enquanto seres inacabados que somos, sempre estaremos buscando, descobrindo, criando e tomando consciência mais ampla dos direitos. Nunca poderemos chegar e entregar a tarefa pronta, pois novos desafios na vida social surgirão, demandando novas conquistas e, portanto, mais cidadania.

Décio Filho

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