Coluna de Edvaldo Bione


Nossos políticos representam as oligarquias e seus interesses.

Quem representa o povo e os seus problemas?

No berço da democracia, na antiga Grécia, só os considerados cidadãos podiam escolher os seus representantes, excluindo desta lista estavam os estrangeiros as mulheres e os escravos.

Este processo seletivo é aos nossos olhos injusto, pois não inclui a grande maioria do contingente populacional, há uma representação da minoria neste caso, com uma clara distorção no que acreditamos ser uma verdadeira democracia representativa.

No nosso atual sistema de escolha, todos sem discriminação, podem votar a partir dos 16 anos completados até o dia da eleição, desde que regularmente inscrito no cadastro da justiça eleitoral. Após os 18 anos votar torna-se obrigatório podendo haver o recurso da ausência justificada.

Para atingirmos esse estágio de “amadurecimento democrático” passamos por diversos avanços e retrocessos que foram registrados de forma pouco precisa pelos nossos historiadores políticos.

As mulheres só passaram a exercer o direito do voto na década de trinta do século passado, após árdua luta e pressão popular, foi uma conquista importante que ajudou a consolidar o processo democrático, tantas vezes traído pelos próprios presidentes que vez por outra se proclamam ditadores desrespeitando os princípios constitucionais e o estado de direito.

A conquista mais importante se dá com direito da conquista do voto universal, e também traz uma conseqüência nefasta, o eleitor analfabeto, desinformado e facilmente manipulado torna-se massa de manobra do poder econômico e dos coronéis do asfalto que dominam os meios de comunicação.

Observe-se que evoluir do voto censitário no inicio da republica, para liberação do voto feminino foi demorado, pois havia resistências e preconceito sexista, mesmo não havendo perspectiva de quebra da estabilidade ou de perda de poder com esta conquista, o voto do analfabeto foi aprovado com muita facilidade, pois apresentava-se como o novo filão das oligarquias, que objetivam pragmaticamente manterem-se no poder.

O eleitor analfabeto é obrigado a votar a cada eleição, como um direito concebido, mas é inelegível, ou seja, não pode ser candidato, numa clara inflingência do artigo 5º da constituição federal, que diz textualmente: todos são iguais perante a lei.

Discutir este assunto pode a alguns parecer preconceituoso, vamos nos remeter a uma análise da atual situação da nossa educação pública, para desmistificar os que assim analisarem, se não vejamos, os índices de analfabetismo segundo os dados oficiais diminuíram sensivelmente nos últimos anos, na prática observamos na mesma proporção o aumento do analfabetismo funcional, que propositalmente não é catalogado nos índices estatísticos do instituto brasileiro de geografia e estatística (IBGE). Constatamos no dia a dia cada vez mais jovens que até conseguem soletrar ou ler, mas infelizmente não conseguem interpretar um simples texto.

Os nossos governantes tendem a esconder os nossos problemas sociais fazendo de conta que eles não existem. Não podemos transformar os nossos analfabetos em cidadãos por decreto, apenas concedendo-lhes o direito/obrigação de votar, se pretendemos tornar esta infinidades de pessoas excluídas em cidadãos ativos, é imperioso que melhoremos as escolas públicas com condições de capacitação, e bons salários para os profissionais da educação, proporcionando ainda afirmativamente aos que estudam, possibilidades reais de aproveitamento no mercado de trabalho, motivando os que estudam com compromissos pré-estabelecidos e fazendo-os acreditar num projeto real de futuro.

Precisamos também acabar com esta política tapa-buracos com planos emergenciais e mal definidos, e que só escondem os objetivos de perpetuação do poder e manutenção de privilégios.

Não podemos simplesmente discutir o voto do analfabeto de uma forma superficial ou preconceituosa, é urgente criar mecanismos com políticas públicas específicas e permanentes, para acabar de uma forma definitiva esta doença social, como sonhava Paulo Freire, que é o analfabetismo.

Parafrasearemos Ulisses Guimarães, pois nós temos na sua grande maioria políticos incompetentes que só pensam na próxima eleição, sejamos inteligentes, é preciso que tenhamos compromisso com os que pensam na próxima geração.


Bione...

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