Coluna de Paulo Roberto - A NOSSA VIOLÊNCIA DE CADA DIA


Um grande acontecimento em nosso município, por iniciativa da sociedade organizada: a instalação de um Fórum de Entidades pela Segurança. Essa boa iniciativa surge em momento de muita dificuldade para Vitória de Santo Antão no quesito segurança, pois já foram registrados este ano 55 assassinatos e muitos outros delitos não quantificados pelos meios de comunicações.
Tal iniciativa demonstra certo amadurecimento da sociedade vitoriense, para enfrentar a violência de forma organizada, tendo em vista que a situação diz respeito a todos nós e, particularmente, ao poder público, que detém o poder discricionário e constitucional de oferecer segurança aos cidadãos de um modo geral.
O Fórum já produziu alguns efeitos práticos no campo administrativo, político e coercitivo e, em curto prazo, poderá trazer alguns resultados positivos. Mas temos que discutir uma política sustentável de longo prazo. O senso comum diz que a questão da violência não é só local, é de todo o país, é de todo o mundo. No entanto, há certa negligência de alguns governos municipais, que querem transferir a responsabilidade para o governo estadual, que, por sua vez, repassa para o federal e assim sucessivamente. Conseqüência: poucos apontam alternativas viáveis para o enfrentamento do problema.
O Presidente Lula vem reiteradamente dizendo que o problema da violência resulta da exclusão social e que, nas últimas décadas, o Estado abandou a educação, a saúde, a moradia e o planejamento. O Estado foi totalmente sucateado e, para aprofundar mais o problema, tivemos duas décadas de crescimento medíocre da nossa economia, fazendo com que mais cidadãos na conseguissem o sustento da suas famílias.
Nesse cenário de baixo crescimento econômico e de um Estado ausente, o processo de violência ganhou uma dimensão incontrolável. Desse modo, o Fórum tem um papel relevante nesta batalha do dia-a-dia de nossa cidade, no sentido de cobrar, das várias esferas do governo, mais empenho e investimentos em políticas públicas de geração de trabalho e renda, cultura, esporte, educação e habitação para a nossa cidade.
Tais políticas, é verdade, não se apresentam de forma linear em todas as cidades, por motivos diversos, mas temos um exemplo a ser perseguido, o da cidade de Gravatá. Uma cidade que soube aproveitar as vantagens que lhe foram dadas, investiu no turismo como sua atividade principal, gerando um multiplicador econômico em todos os setores locais; com isso, mais capacitação profissional para os jovens, mais emprego, mais renda para as famílias e menos violência. No ano de 2006, foram 11 meses sem nenhum assassinato, e nos sete meses de 2007 só 03 assassinatos.
Portanto, a mobilização das comunidades vitorienses, reivindicando mais verbas para as escolas, os hospitais públicos e a moradia vai, com certeza, diminuir a violência.


Paulo Roberto

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