O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (19), em discurso para empresários em evento em São Paulo, que a crise econômica mundial está permitindo que o “Estado volte a ser Estado”.
"Já não aguentava mais quando vinham pessoas do FMI pra dizer o que a gente tinha que comprar, o que tinha que vender, o que tinha que construir (...) era como se nós não tivéssemos governo."
O presidente voltou a criticar a especulação no mercado financeiro. “Quanta gente me dava lição e estava escondida atrás dos derivativos”, brincou, arrancando risos e palmas da plateia. As declarações foram dadas na entrega do prêmio “As empresas mais admiradas do Brasil”, promovido pela revista CartaCapital.
Diante de empresários e acompanhado dos ministros da Fazenda, Guido Mantega, da Casa Civil, Dilma Rousseff, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, o presidente afirmou que o país tem condições de “estar entre as quatro economias do mundo”. Para ele, isso será possível fazendo como “uma mãe cuida da sua casa, distribuindo o pouco que tem para que todos sejam tratados em igualdade de condições”.
Na plateia, na mesma fila onde estavam ministros e o presidente, estavam também o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e da Vale, Roger Agnelli, empresas que receberam prêmios na cerimônia.
Mais cedo, Agnelli se reuniu com Lula e anunciou que a empresa fará investimentos de R$ 24,5 bilhões, ou US$ 12,9 bilhões, em 2010. A reunião com Lula e o anúncio dos investimentos aconteceu após Lula ter cobrado, na sexta-feira (16), que a Vale exportasse produtos de maior valor agregado e que gerasse empregos. Sobre os comentários do presidente, Agnelli disse, durante o anúncio, que Lula o cobrou assim como o executivo cobra seus diretores na Vale. "Ele está no papel dele", disse.
'Referência'
No discurso, Lula afirmou ainda que o Brasil passou a ser “referência” no cenário internacional. “De repente o mundo descobriu que o Brasil tinha um sistema financeiro mais organizado que o deles”, disse, elogiando ainda a gestão do Banco Central, a política fiscal e a economia.
A distribuição de renda e o crescimento do consumo foram citados várias vezes por Lula durante seu discurso. “A parte mais pobre desse país está gostando de ter virado consumidor”, declarou.
O presidente falou da viagem que fez na semana passada à Bahia e Pernambuco, onde visitou obras do canal do São Francisco, e convidou os empresários a conhecerem a região e as obras. "Gostaria que vocês, se pudessem, tirassem umas férias e fossem pra lá. Já conhecem Miami, Nova York, Paris... Vão visitar Cabrobó, Floresta pra vocês se darem conta do que está acontecendo", disse.
Fonte: G1
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