Coluna de Marcus Prado - Diretor do Jornal da Cidade

Mariana Amália e Beija-mão no Palácio

Vejo com orgulho e com certa restrição a homenagem prestada em praça pública à grande mulher e heroína vitoriense MARIANA Amália do Rego Barreto. Desde quando o grande prefeito José Joaquim da Silva ( esse merece meu respeito), no passado, deu o nome de Mariana à nossa principal Avenida. Lamento somente que o seu heroísmo e sua coragem estivessem a serviço da pátria que viveu um capítulo negro de sua história. Como voluntária da Guerra contra o Paraguai, ela se juntou, sem saber, à falange dos que cometeram verdadeiras atrocidades contra um inimigo sem a menor defesa humana e militar. A chamada Guerra do Paraguai, que juntou três potências fortemente armadas , uma delas o Brasil, contra a frágil e pequena república vizinha, foi no mínimo trágica, vergonhosa, decepcionante. Para que se tenha uma idéia: por ordem do facínora Conde D´Eu, herói como Mariana da Guerra do Paraguai, foi bombardeado e destruído um hospital na capital do país em que grande parte dos pacientes vitimas da guerra era composta de crianças e pessoas idosas. Quando me falam de Mariana Amália fico muito orgulhoso, pelo que seu gesto, emblemático, representa para os vitorienses. Mas, me entristece quando sabemos todos que ela estava a serviço daqueles que cometeram o mais cruel genocídio do Continente em nome da soberania de três nações ... e de altos interesses econômicos e políticos das repúblicas envolvidas, uma delas a poderosa Inglaterra. Mas, quem cometeu maiores crueldades, foi o Brasil, a pátria de Mariana Amália, que levou para as frentes de guerra até índios, que jamais souberam usar armas de fogo. Que não tinham antes qualquer convívio com os povos fora de suas tribos. E os que dizer dos jovens brasileiros , milhares deles, levados para os campos de batalha sem o menor preparo, e que morreram sem saber de nada da causa que defendiam? Viva Mariana Amália. Nota Zero à causa que ela defendeu. Mas, por favor, não me chamem para inauguração de nada que envolva, injustamente, o nome da heróina. Ainda mais numa Avenida, que, prá se tornar moderna, destruíram suas árvores mais antigas e frondosas, fato que será repetido, dizem, nas mais antigas praças da cidade condenadas nos próximos dias às chamadas "reformas" urbanas que estão sendo feitas aqui.
Lugar de " beija-mão", hoje em dia é na séde de governo, nas cerimônias mais solenes dos Palácios Imperiais. Foi o que aconteceu há poucos dias com o Governador Eduardo e Campos e o chefe do executivo vitoriense. O prefeito, num gesto de extrema gratidão pelas coisas que o governador tem feito aqui, beijou as mãos da autoridade, numa genuflexão que só se concede, na vida monástica, aos grandes vultos espirituais. Nada contra, só tenho como admirar o gesto do prefeito. Afinal, ninguém fez mais por Vitória, nos últimos anos, do que Eduardo Campos. Num só ano de governo, ainda incompleto,. fez mais do que todos os governadores juntos. O gesto do prefeito me fez lembrar do último beija-mão visto na Vitória de Santo Antão. Foi quando esteve em visita à cidade o Imperador Pedro II. Todos foram à velha casa da Rua Imperial ver e Imperador e beijar-lhe as mãos. Nem seus bisnetos que estiveram aqui, há cerca de 30 anos, na mesma casa Imperial, hoje Instituto Histórico, receberam essa honraria, Nem as mãos da namorada a gente beija hoje em dia!!!!, O que rola de imediato, sem perdas de tempo, é o sarro. Beijar mãos, seja da mulher ou do homem, é um gesto cavalheiresco da Idade Média, raramente visto nos dias atuais. Nem aos Papas, falhos e pecadores como têm sido nos séculos mais ou menos recentes, concedem - em cerimônias solenes - esse gesto de humildade, respeito e gratidão. Não nego que cometi esse gesto há poucos dias, na sede do LEÃO, ao me encontrar com o Padre Edvaldo, meu velho amigo, pároco de Casa Forte. Pelo que ele passou recentemente, injustiçado, pelo que ele é e sempre foi, beijo-lhe sempre as mãos. Mas, sinceramente, o que gostava mesmo, era de beijar as mãos de uma doce menina que conheci, certa vez, em Estocolmo, na Suécia, as mesmas mãos que foram um dia beijadas, segundo me disseram, pela escritora que tanto admiro Gertrud von Le Fort.

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