Segundo IBGE, violência aumenta diferença na esperança de vida de homens e mulheres no Brasil

A exposição maior dos homens a mortes violentas, como homicídios, suicídios e acidentes de trânsito fatais, é a principal causa da diferença de quase oito anos na esperança de vida entre homens e mulheres no Brasil em 2006, revelou hoje (3/12) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a Tábua de Mortalidade 2006, a esperança de vida ao nascer para as mulheres brasileiras é de 76,1 anos, acima da média nacional de 72,3 anos. Para os homens, a estimativa é alcançar 68,5 anos de idade. Segundo o levantamento, a mortalidade masculina, em 1960, era praticamente a mesma que a feminina. Em 2006, a chance de um homem morrer aos 20 anos, no entanto, era quatro vezes maior que a de uma mulher da mesma idade. De acordo com o IBGE, os principais fatores responsáveis por essa diferença são as mortes por causas externas (não-naturais ou violentas).
Em 2005, conforme os dados mais recentes do Ministério da Saúde, 83,5% das mortes violentas envolveram a população masculina. Entre os jovens 20 a 29 anos, esse tipo de óbito representou mais de 76% do total, enquanto entre as mulheres o percentual foi de 32,6%. Para o coordenador do levantamento do IBGE, Juarez de Castro Oliveira, os dados indicam desafios na área de segurança pública no país. Isso porque, segundo ele, a taxa de mortalidade entre os jovens do sexo masculino (que considera tanto as mortes naturais, por doença e as provocadas por causas externas) teve pouca alteração em relação a 1960, quando a pesquisa foi realizada pela primeira vez.“Os homens jovens continuam a morrer com a mesma intensidade que nos anos 60. Esse é um fato lamentável”, avaliou Oliveira. “Isso revela claramente que se avançou pouco em termos de segurança pública. Esses jovens poderiam estar ingressando no mercado de trabalho já que houve investimentos em educação.”Do total de mortes violentas no país, a maioria (37,1%) ocorre por homicídios. No caso dos homens, o percentual sobe para 40,8%. Entre as mulheres, porém, os assassinatos respondem por 18,3% dos óbitos não-naturais.
O levantamento do IBGE apontou que os percentuais de homicídios quase duplicaram desde 1980, tanto entre homens como entre mulheres. Há 27 anos, as taxas eram de 9,4% para o sexo masculino e de 22,4% para o sexo feminino.Os acidentes de trânsito aparecem como a maior causa de mortalidade não-natural para a população feminina (32,1%). Para a população em geral, a participação dos acidentes de trânsito nas mortes violentas ficou inalterada em relação a 1980 (28,4%).
Reportagem: Alexandre Rogério.

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