Atletas poderão manter blogs


O Comitê Olímpico Internacional (COI) liberou os atletas participantes da Olimpíada de Pequim para postar suas experiências em blogs pessoais. Esta será a primeira vez que os competidores terão a chance de publicar conteúdo em diários pessoais durante os jogos. Num contexto mais amplo, esta autorização é uma vitória do direito à liberdade de expressão sobre a rígida política chinesa. Afinal, a China é constantemente acusada de censurar sites e blogs do exterior que apresentem “conteúdo prejudicial à população chinesa”, bem como punir cidadãos chineses que publiquem opiniões contra o sistema na internet. Sites como Google, Wikipedia e Facebook já sofreram bloqueios dos censores chineses.
Mas, mesmo liberados, os blogs dos atletas deverão seguir algumas regras e limitações. Eles não poderão conter imagens, vídeos ou áudio da Olimpíada, conteúdo liberado apenas para as empresas que pagaram as concessões para divulgar este material. Mesmo as fotos tiradas pelos atletas em áreas credenciadas para a Imprensa são vetadas. Além disto, os blogueiros também não poderão ter contratos com empresas ou postar anúncios em seus respectivos blogs. “O COI entende os blogs como uma forma de expressão pessoal, não como jornalismo. Isso quer dizer que, quando a pessoa credenciada aos Jogos postar um conteúdo sobre a Olimpíada, estará relatando apenas a sua experiência pessoal”, divulgou o comitê.
Um ponto importante desta decisão de liberar os blogs é a possibilidade dos atletas divulgarem suas opiniões sobre a política chinesa e ajudarem em campanhas que buscam a liberdade na China. A ONG Anistia Internacional, impedida de trabalhar na China, estimula os atletas a aproveitarem a Olimpíada para se manifestar sobre a situação local. Com sua liberação, os blogs são um fórum privilegiado de comentários, já que os atletas são proibidos de fazer manifestarem política durante as disputas ou nas festas de premiação.
A política externa chinesa é só uma das causas da pressão internacional. ONGs também denunciam a opressão ao povo tibetano, a prisão e tortura de dissidentes políticos e o uso indiscriminado da pena de morte, entre outros problemas. De acordo com jornalistas instalados no Centro Olímpico de Imprensa, até o final do mês de julho, sites como o da Anistia Internacional e o Human Rights Watch estavam com seus acessos bloqueados.

Reportagem: Alexandre Rogério

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