Direito ou obrigação? Voto // Jovens entre 16 e 18 anos entram na polêmica discussão

O voto é o meio pelo qual, num país democrático como o Brasil, podem ser escolhidos os nossos representantes. É uma maneira de a população opinar na organização de seu município, estado e país, exigindo um lugar em que se possa viver melhor. É a arma que nós temos para garantir esse direito. É nossa voz, de forma direta e legal, contra o descaso de muitos políticos. Nós, cidadãos, devemos escolher com cuidado nossos governantes, votando conscientes, para que seja construído um lugar justo e que sirva de exemplo para outras nações.
A partir dos 16 anos, o jovem tem o direito de votar, mas não é obrigado por lei. Após atingir a maioridade, ou seja, 18 anos, o voto passa a ser obrigatório para todos. Mas, afinal, o voto deve ser obrigatório?
Para a estudante de pedagogia Jaqueline Freire, 18 anos, a obrigatoriedade do voto só existe para que as camadas da população menos instruídas possam ser facilmente manipuladas. "Defendo uma votação em massa, mas uma massa com cultura, que possa votar com consciência", afirmou. A estudante de ensino médio Milena Tenório, 17, concorda com a tese de Jaqueline e complementa: "A partir do momento que o voto é obrigatório, o direito de livre arbítrio do povo é desrespeitado e, portanto, o voto deixa de ser um direito e passa a ser um dever".
No entanto, as opiniões divergem. O estudante Yargo Dias, 16 anos, por exemplo, discorda das garotas. "Apesar de não achar certo, acho a maneira mais eficiente de fazer a democracia funcionar, já que, se não fosse obrigatório, muitas pessoas não votariam por ter outros compromissos que considerariam mais importantes", alfineta. Daniela Falcone, 16, abre mais um questionamento: "O voto é a maneira mais direta que cada um tem de interferir nas ações para melhoria de onde vivemos. Se não nós, quem mais poderia enxergar melhor os defeitos da cidade?".
Segundo a socióloga Marcela de Albuquerque, 21, esse é um ponto importante a se focar, afinal, quando se é obrigado a votar, se está impondo determinada tarefa a alguém pode não possuir embasamento com relação à importância de seu voto. "Quem faz parte da política não é só o candidato, mas principalmente os eleitores. A política não acaba no dia da eleição, pelo contrário, é naquele dia que o ciclo político está apenas reiniciando".

Reportagem: Alexandre Rogério