Imip inicia campanha por doação de órgãos


"Órgão que não é doado é desperdiçado". Com esse slogan, o Instituto Materno Infantil de Pernambuco (Imip) começou, esta sexta, campanha de doação de órgãos. Atualmente, há quase 5 mil pessoas na lista de espera no Estado. No ano passado, 1.117 pacientes realizaram transplante, enquanto 250 faleceram esperando a vez.

Na verdade, as articulações em torno da campanha, feita em parceria com com a Central de Transplantes de Pernambuco (CT/PE), tiveram início no último dia 21, quando o Imip começou um processo interno de conscientização de seus funcionários. "Por causa dessa abordagem, nós já contabilizamos 495 doações de medula óssea nas últimas semanas. É um número muito bom", comemora a coordenadora da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) do Imip, Amanda Valois. A CIHDOTT tem como objetivo identificar e conscientizar potenciais doadores, bem como sensibilizar e viabilizar a captação de órgãos e tecidos dentro do hospital.

Pode ser doador qualquer pessoa saudável que concorde com o ato. Nesse caso, pode ser cedido um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea e parte do pulmão. De acordo com a legislação, apenas parentes de até quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Para não-parentes, a doação se dá apenas com autorização judicial. No caso de doador falecido, a autorização da família é suficiente para que ocorra a retirada dos órgãos. No entanto, no caso de doação pós-morte, a família não pode decidir quem será o receptor. "Já houve casos onde os familiares se recusaram a autorizar a doação porque queriam escolher quem seria o beneficiado. A legislação não permite esse tipo de prática e nós concordamos, é filosofia nossa também", conta o gerente de órgãos sólidos do CT/PE, André Bezerra.

ESPERA - Em Pernambuco, as maiores listas de espera são para rim (2.170 pessoas), córnea (1.310) e fígado (304). Apesar da estatística, houve um aumento considerável no número de transplantes no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2007. Dentre os destaques, podem ser citados os aumentos de 100% nos transplantes de fígado e 75% nos de córnea. A doação de córnea, por sinal, foi a que mais cresceu, em termos reais. Só no Hospital da Restauração, foram feitas 61 doações neste primeiro semestre enquanto o Hospital Oswaldo Cruz recebeu 41. Para se ter idéia, no Imip, por exemplo, a fila de espera por uma córnea tem 12 pessoas; já para fígado e rim, há 33 em cada uma. O Estado ainda não atende pacientes que precisam de pulmão, pâncreas e intestino.

NEGATIVO - A repercussão negativa do caso ocorrido no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, no Rio de Janeiro, esta semana, pode atrapalhar as aspirações da campanha, mas trata-se de um caso isolado, na opinião de André Bezerra. "A mídia precisa abordar esse fato com mais cautela e seriedade. O processo de doação é muito transparente e difícil de ser violado. A própria CT/PE sofre auditorias de rotina", explica. O médico Joaquim Ribeiro Filho, ex-chefe da equipe de transplantes hepáticos do hospital carioca, é acusado de haver beneficiado pacientes na fila de transplantes em troca de pagamento.

SERVIÇO:
(81) 3421.1311 / 0800 281.2185
www.transplantes.pe.gov.br


Reportagem: Alexandre Rogerio

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