Coluna do Jornalista Marcus Prado
Trânsito irresponsável

Quando chego, quase semanalmente, na Vitória de Santo Antão, fico impressionado com a desorganização do trânsito, causada em grande parte pelos motocilistas, não todos, mas a maioria. A cidade talvez seja atualmente a mais desorganizada nesse setor, sem falar da inexistência, praticamente, de sinais de trânsito nas artérias mais movimentadas. O trânsito na Vitória é uma lástima. Me impressiona, há muito, a indiferença por inteiro da autoridade municipal que cuida do setor. Há quem estima que, juntos, os motoqueiros profissionais somam o recorde de usuários no Interior de PE, mais de 3 mil, dirigindo às vezes sem nenhuma qualificação. Não creio que esse fenômeno do cáos urbano na cidade de grande porte como a Vitória já tenha sido objeto de análise crítica da parte dos responsáveis pelo setor.
A cada dois dias, um motociclista morre no Grande Recife em conseqüência de um acidente de trânsito. A projeção é do Corpo de Bombeiros, que atende apenas a uma parte dos acidentados. Este ano, a média de atendimentos a motociclistas acidentados pelo serviço de resgate da corporação é de 12 casos diários.. Os motociclistas fazem parte da população que corre mais riscos de morrer violentamente nas cidades como Vitória. O perfil de mortos e acidentados é rigorosamente igual em todos os serviços de pronto-socorro. A maior parte das vítimas é constituída de homens entre 20 e 29 anos e que usam o veículo para ganhar a vida - como instrumento de trabalho.São motoboys, uma nova profissão que surgiu pela confluência de alguns fatores, como o congestionamento do trânsito, a motocicleta como veículo de transporte, as urgências da vida urbana e as restrições do mercado de trabalho. Em menos de dez anos, a frota de motocicletas na capital pulou de 44 mil para 122 mil. A profissão está em vias de ser reconhecida por lei federal e municipal. É inevitável que os motociclistas sejam as maiores vítimas do trânsito. Em 2006, 48% estavam montando uma motocicleta. Esse número seria muito maior se fosse permitida a prestação de serviço de mototáxi, como em outras cidades. Para mudar esse quadro, é preciso que os principais interessados tomem consciência de sua extrema vulnerabilidade. O veículo não oferece nenhuma proteção. A própria habilitação do condutor é inadequada e insuficiente.Repete-se, no caso, o impasse da nossa civilização: a falta de cultura e educação.

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