Parte I - A TERRA DE SANTO ANTÃO
Capítulo XI
A HECATOMBE DA VITÓRIA
“Cessado o tiroteio, dezesseis cadáveres jaziam dentro da matriz e em suas cercanias, e dezenas de feridos eram socorridos.” Relato da Hecatombe da Vitória nas palavras de José Aragão.
Em 27 de junho de 1880, véspera das eleições para vereadores e juizes de paz, Vitória de Santo Antão é palco do grave acontecimento que tomou o nome de Hecatombe da Vitória. O partido liberal estava dividido em duas facções: a oligarquia chefiada pela família Souza Leão, e a democracia. Essas duas facções eram chamadas popularmente de “leões” e “cachorros”. Os “leões” estavam no poder e os “cachorros” uniram-se aos conservadores para disputar as eleições de juizes de paz e vereadores, indo de encontro aos interesses dos Souza Leão.
Na véspera da eleição, o juiz municipal Nicolau Rodrigues da Cunha Lima, do lado dos “leões”, recebeu insultos da oposição e foi até a Igreja do Rosário dos Pretos, então matriz da freguesia e onde estava sendo realizada a eleição, que estava fechada, mandou arrombar a porta e nela instalou-se com muitos homens. Em protestos, os políticos, chefiados pelo Dr. Ambrósio Machado da Cunha Cavalcanti e por Belmiro da Silveira Lins, o Barão da Escada, saíram em passeata na direção da igreja acompanhado de cerca de 300 homens a cavalo. Dr. Ambrósio tentou entrar sozinho na igreja, quando foi agredido a tiros. Generalizou-se o tiroteio, havendo várias mortes, quase todas entre “cachorros” e conservadores, inclusive a do Barão da Escada, primeira vítima da Hecatombe, cunhado e amigo do Dr. Ambrósio. Cerca de dezesseis pessoas morreram dentro da Igreja do Rosário e outras tantas em frente ao templo. As marcas dessa batalha ainda são visíveis nas imagens dos santos que estavam na igreja e que hoje fazem parte do museu sacro do Instituto Histórico e Geográfico.
Igreja do Rosário dos Pretos, construída em 1738, local onde aconteceu a Hecatombe da Vitória.
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