Hora de preservar a popularidade

Passado o clima de campanha e faltando 24 dias para a posse, é a hora de os prefeitos eleitos “descerem do palanque” e abandonarem a imagem combativa típica do período eleitoral. No lugar, é preciso colocar a imagem conciliadora, de “governante de todos”. Afinal, embora tenha sido escolhido por uma parcela majoritária do eleitorado, o político deve representar todos os setores da sociedade e, por isso, tem de preservar a popularidade que lhe garantiu a vitória. Para tanto, muda-se discursos, atitudes e comportamentos com relação a tudo, inclusive aos adversários. Segundo o publicitário José Nivaldo Júnior, experiente em marketing político, esse procedimento é essencial e, sobretudo, natural ao processo político.
“Se ele (o político) continuar no palanque, tende a ficar distante da sociedade. E a sociedade não elegeu um político para ficar no palanque, mas para administrar. Se não desce, a sociedade o obriga a descer”, explica Nivaldo. De acordo com ele, não há turbulências no processo porque as pessoas entendem e assimilam claramente que o momento da campanha é um e o de gestão é outro.
“A campanha é quando o candidato apresenta suas características e propostas com o objetivo de convencer as pessoas. A gestão precisa corresponder a isso. Uma campanha é conduzida com entusiasmo, a gestão é conduzida com prudência. Há essa mudança de momentos”, esclarece o publicitário.
As mudanças, segundo José Nivaldo, não sinalizam uma postura “falsa” dos políticos, mas uma compreensão do que a eleição representa. “O discurso muda, porque a fase mudou. Campanha é momento de conflito, é um discurso de conquista, mais agressivo. Alcançada a vitória, o pessoal passa a trabalhar mudando o tom para um discurso de ‘desarme’”, diz Nivaldo. Depois de eleito, o gestor precisa trabalhar para manter a confiança da população e corresponder às suas expectativas, cumprindo o que foi prometido por ele, durante o pleito.
Caso isso não ocorra, a imagem do administrador pode se desgastar rapidamente, a exemplo de Fernando Collor de Melo (PTB). Quando foi eleito presidente do Brasil, pelo extinto PRN, em 1989, Collor contava com uma grande aprovação da população. No entanto, com pouco mais de dois anos de mandato, foi defenestrado do cargo, através de um impeachment, devido a atos de governo que desagradaram a maioria da população.
“Quando há a traição do compromisso acontece uma rápida deterioração da imagem do político. No caso de Collor, houve uma deterioração tão rápida da imagem, que ele não conseguiu se manter no poder”, relata José Nivaldo Júnior.

Fonte: FolhaPE

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