Acessibilidade, sensibilidade e expressão poderão ser vistas até o dia 11 na Câmara dos Deputados em Brasilia.
Na primeira, Cristina apresenta peças inovadoras que permitem levar arte e educação às pessoas com deficiência. Já em "Retratando com Alma", o professor de fotografia Humberto Lemos apresenta o trabalho e a história de quatro deficientes visuais que conseguem fotografar com ajuda dos outros sentidos.
A artista plástica Cristina Portella realizou sua primeira exposição sensorial da séria Artes Visuais para Deficientes Visuais. Quadros em auto-relevo que podem ser tocados e sentidos pelo público. Os quadros "Olhos da Alma" têm como tema os "Peixes da Amazônia", elaborados a partir de uma técnica que mistura tinta acrílica e materiais orgânicos, como esqueleto de tucunaré e escamas de pirarucu.
Ao tocar as obras, a pessoa com deficiência visual poderá constatar a cor do peixe ao percorrer os seus contornos com as pontas dos dedos e, dentro dele, poder ler a legenda escrita em braile. É possível também sentir, tateando as formas revoltas do fundo, que a peça é feita de águas barrentas profundas, como informa o texto informativo em braile.
Baseando-se na idéia do fotógrafo cego esloveno-francês Eugen Bavcar, o professor de fotografia e coordenador do projeto "Retratando com Alma" Humberto Lemos orientou o trabalho de quatro alunos deficientes visuais. A idéia do professor e chamar a atenção para a possibilidade de resgate da auto-estima dos quatro deficientes visuais, de sua memórias e da construção de suas identidades pela produção de fotografias.
"A fotografia possibilita uma comunicação entre os deficientes visuais. Para quem enxerga, é importante perceber a inserção deles na sociedade, suas vivências e seu olhar através das outras percepções, que não a da visão retiniana", assegura Humberto. "Eu ensinei a eles todas as técnicas do curso básico de fotografia, desde colocar o filme na máquina à revelação. Mas é fato que eu aprendi muito mais com eles do que eles comigo. Eles aprenderam o que antes achavam ser impossível para um deficiente visual, mas que ao contrário, é completamente viável, mas pra mim a maior lição que essas pessoas me deram foi a superação do desafio", afirma.
O projeto fotográfico foi idealizado e promovido em 2005, onde cada fotógrafo produziu cerca de 60 fotos e expondo quatro fotos selecionadas cada um. Três dos quatro participantes tem cegueira total plena, e apenas Débora Tavares, a única mulher do grupo, possui 15% da visão. "No começo eu achava um absurdo um deficiente visual tirar fotos, mas aí descobrimos técnicas de fotografar usando os outros quatro sentidos como o tato, por exemplo. O meu forte são fotos de paisagens. Eu olho pro céu e vejo vultos de luz, como o reflexo que o sol faz sobre os objetos", explica Débora. Como parte do Projeto de Acessibilidade da Casa, a Câmara dos Deputados lançou ontem duas exposições artísticas para marcar o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. Composta por 12 obras, com textos em Braille e fotos-relevo, "Olhos da Alma", da artista plástica Cristina Portella, e a coletiva "Retratando com Alma", dos fotógrafos Adalberto Rodrigues, Claudivan Lima, Débora Tavares e Fernando Rodrigues (quatro portadores de deficiência visual), são as duas exposições sensorial com acessibilidade cultural, que poderão ser conferidas até o dia 11 de dezembro no Espaço do Servidor (Anexo II).
SERVIÇO
* O que: Exposição "Olhos da Alma", da artista plástica Cristina Portella e "Retratando com Alma", dos fotógrafos Adalberto Rodrigues, Claudivan Lima, Débora Tavares e Fernando Rodrigues
* Onde: "Olhos da Alma": corredor de acesso ao Plenário; "Retratando com Alma": Espaço do Servidor, anexo II
* Quando: Até 11 de dezembro. das 9 às 18 horas.
* Quanto: Entrada Franca
* Para quem: Livre
Fonte : Tribuna do Brasil
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