Liberato é nomeado, mas não tem carteira de trabalho

Aos 90 anos de idade e dez mandatos na Câmara Municipal do Recife no currículo, o ex-vereador Liberato Costa Júnior (PMDB) pode tirar, pela primeira vez na vida, uma carteira de trabalho em seu nome. Ele e o também ex-vereador Fred Oliveira (PMN) foram nomeados como assessores especiais da Câmara. No decreto publicado na edição de ontem Diário Oficial do Recife, os dois vão ocupar o cargo de "assessor especial político-legislativo". De acordo com o primeiro secretário da Casa, vereador Augusto Carreras (PV), ambos receberão salário de R$ 5.612,00 e não terão funcionários à disposição.
Derrotado nas urnas, Liberato continua ocupando a maior sala do seu antigo gabinete, que agora pertence ao vereador Francismar Pontes (PTB). Foi lá que ele cofirmou ao Diario que aceitou o convite da mesa diretora do Legislativo para ocupar o cargo. "Eu posso tomar posse a qualquer momento. Tentei telefonar para Fred Oliveira para saber como é a posse, que documentos levar, essa coisa formal. Eu não sei se para esses casos eu tenho que ter carteira profissional, que eu não tenho. Tenho que tirar a carteira".
O Velho Liba, como é chamado, garante que ainda não foi informado de detalhes da atividade de assessor especial, que foi criada no ano passado durante a gestão do então presidente Josenildo Sinésio (PT) especialmente para acomodar os vereadores não eleitos, o que aumentou o desgaste na Câmara justamente no auge do escândalo das notas fiscais frias. "Eu creio que é uma espécie de consultoria da comissão executiva. Não sei se (o assessor) participa de reuniões ou se é para consultar e pedir orientação para um projeto ou alguma coisa que não esteja no regimento. Ainda não sei se vou ter alguém à disposição, se vou ter gabinete e o salário a mim não disseram nada. Vou procurar saber pela sigla do cargo".
Mesmo insistindo em afirmar que não tem "mais voz e voto", Liberato continua com a mesma língua afiada dos tempos de vereador. Furioso, criticou o novo secretário decultura do Recife, Renato L, que vem defendendo a concretização da Rádio Frei Caneca como uma das prioridades de sua gestão. "A Rádio Frei Caneca é a menina dos meus olhos, que eu criei desde 1962. Está aparecendo muito o nome dele como se ele fosse o dono", queixou-se.
A briga pela terceira vaga de assessor especial da câmara, que estava perto de cair no colo do ex-vereador João Alberto (PSDB), esquentou de novo depois que os ex-parlamentares Cordeiro de Deus (PRB) e Severino Ramos (PMN) entraram na disputa. Uma parte dos atuais parlamentares defende que o contemplado seja da base governista, o que acabou adiando a escolha do nome.

Fonte: DP